Seguindo com a novela
tragicômica do Wartburg, era hora de mais uma vez investigar a pane. Debatendo
com o Dirk (o mecânico), concluímos em ver primeiro o estado da bomba de
combustível, e depois conferir o ponto de ignição. Decidi fazer mais, e
conferir o ponto de duas maneiras – uma com lâmpada estroboscópica e outra
mecanicamente, conforme instruído no manual.
Primeiro, desmontei a
bomba de combustível, do modelo mais antigo, e tudo estava normal, sem nenhum
risco ou trinca na membrana, e nenhum vazamento aparente entre a junta da bomba
e o bloco do motor. Montei a bomba de volta, e passei para o ponto de ignição –
primeira medição, com a lâmpada estroboscópica, revelou tudo normal. Passei então
ao trabalhoso processo de medir mecanicamente – elevando cada cilindro manualmente
até a altura máxima (o “Ponto Morto Superior”), recuar alguns graus e ver se a
luz de teste acende, mostrando que fechou circuito e a ignição acontece no
momento certo… e repetindo isso para cada um dos três cilindros. Isso é
necessário pois os Wartburg, tal qual nos DKW de três cilindros, têm uma bobina
e um platinado/sensor de ignição para cada cilindro, exigindo regulagem
individual do ponto. Ao tirar as velas, um fenômeno curioso, mas não inesperado
– a vela do cilindro um estava muito suja (preta e úmida, como se não
conseguisse queimar), a do cilindro dois estava normal, e a do cilindro três,
estava preta (como se houvesse queima, mas irregular). Medi a pressão dos cilindros, e também estava normal, indicando que a vedação do motor está boa. Tudo conferido, o ponto estava conforme especificado, as três velas “faiscavam” no tempo certo… e como o mistério continuava, limpei as velas, montei tudo de volta e fui andar com o carro.
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Pressão normal em cada um dos três cilindros. |
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Da esquerda para a direita, as velas dos cilindros 3, 2 e 1. |
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Bomba de combustível bipartida, com o diafragma removido. Tudo normal. |
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Verificando o ponto com lâmpada estroboscópica. Tudo normal. |
Verificação do ponto de ignição à moda antiga. Sim, tudo normal...
O funcionamento estava ainda meio esquisito,
errático, principalmente depois de atingir a temperatura de trabalho, após 10
Km, que foi a distância percorrida das outras vezes. Voltei à garagem medi as
temperaturas das bobinas e cilindros e nada anormal… decidi trocar a bobina do
cilindro 1, e dar uma volta… e o carro ficou bem melhor, sem tossidas e
tremidas, e acompanhava o trânsito normalmente. Fiquei feliz, mas a experiência
me ensinou a ter cautela, e não declarar o problema como solucionado. Usei o
carro por alguns dias e o problema foi, lentamente, voltando a aparecer. Primeiro
ao falhar quando se mantém velocidades constantes, especialmente entre 60 Km/h
e 100 Km/h; depois as falhas passam a ser mais constantes, até que finalmente,
depois de uns 120 Km, ele fica mais fraco, dá estouros e, em último estágio, dá
tiros, perde força e empaca como um jumento teimoso. E assim foi, no segundo
dia de uso, ao retornar para casa, ele tossiu, engasgou e deu um sonoro tiro,
que quase matou de susto uma anciã que caminhava na calçada junto ao seu neto.
Pelo menos isso foi há um quarteirão de casa, e consegui chegar lá, parar o
carro e pensar nisso outro dia.
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Lavado e seco. Não é que ele fica simpático? |
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Interior da espaçonave. |
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Estrada durante o teste, num sábado a tarde. |
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À beira de atingir a velocidade da luz. Assim parecia dentro dele. |
Como precisava fazer
a inspeção obrigatória dele, fiz a mesma coisa de sempre, ou seja, limpei as
velas, conferi que há faísca, e ele funcionou, ainda que mais ou menos. Dei
umas voltas, guardei o carro e me preparei para ir com ele ao trabalho,
deixando-o na oficina lá perto, que também faz estas inspeções periódicas. O
que aconteceu? Aguardem pelas próximas postagens... E enquanto isso solte o
riso, comente e compartilhe mais esta história!
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